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Se o irmão de Elvis não tivesse morrido

 Por Marcelo Pereira

Resolvi comemorar o aniversário de 75 anos de Elvis Presley de maneira bem diferente: com uma crônica. Imaginei uma carta escrita hoje pelo irmão gêmeo que morreu durante o parto, Jesse Garon, se ele não tivesse morrido e observando o que aconteceu com o irmão famoso. Escrevi me imaginando na pele de Jesse. Leiam, é bem interessante.

Os 75 anos de meu irmão Elvis

Por Jesse Garon Presley

Triste passar o aniversário desta maneira. Eu aqui, completando meus 75 anos e todo mundo falando do meu irmão, morto há quase 33 anos.

Realmente eu não sabia que tudo iria acabar assim quendo ele resolveu gravar um disquinho para homenagear nossa mãe. Eu vivia dizendo: "Rapaz, isso é ridículo, não vai dar em nada!" Mas não é que deu? O cara da gravadora adorou a voz dele, que cá para nós, era muito melhor que a minha.

E lá se foi nossa privacidade. Quis do destino que ele fosse o rei dos reis, ou pelo menos tratado como tal. E era Elvis pra lá, era Elvis pra cá... Ele rebolava tanto que ganhou um apelido meio pornográfico, com o acrescimo de uma letra ao nome dele. Ela foi até censurado, pois um careta cismou de filmá-lo da cintura pra cima. Não adiantou nada. Continuava sendo um rei.

Cismaram que ele deveria ser ator. Bom, na minha opinião, como ator ele sempre foi um bom cantor. Mas os filmes ajudaram ainda mais na carreira musical, pois serviam como divulgação, com algo que hoje chamam... chamam... de videoclip.

Mas aí o exército o chamou. Xiiii, nada mais incoerente com a fama de quem deveria ser o rei da juventude. Rapaz, ninguém gostou. Até hoje ouço falar muito mal de Elvis sobre esse episódio.

Mas quando acabou o exército, ele voltou. Mas não era mais aquele. Os anos 60 pediam outro tipo de música, mais intelectualizada, graças a um rapaz franzino que lia livros e tocava gaita. Somado a experiência no exército, que era coisa de careta, a decadência parecia certa. Ainda mais que ironicamente ao episódio do exército, tinha como empresário um picareta que gostava de ser chamado de "coronel". E o "coronel" se apossava de Elvis cada vez mais.

Organizaram um show de comeback em 1968. Era até bonzinho. Serviu para mostrar que o trabalho de Elvis tinha realmente qualidade. Mas a influência do "coronel" aumentava e o sufocava cada vez mais.

E as mulheres, não falei das mulheres? Ahhhh... As fãs se derretiam. Afinal era um cara bonitão, elegante e sedutor. Casou com uma linda mulher, mas depois a trocou por uma miss. Elvis não tinha jeito...

Mas aí veio os temíveis remédios. Precisava ter fôlego para os concertos e mais concertos agendados pelo nefasto picareta. Até que um dia, alguns comprimidos calaram para sempre sua voz. Ficamos desesperados. Uma pena.

Hoje, aqui estou. Há muitos anos ganho dinheiro como imitador de Elvis. Afinal sou quem tem mais moral para fazer isso: o irmão gêmeo dele. O melhor de seus imitadores.

Tudo isso para dizer como seria bom ver Elvis completar hoje os seus 75 anos.

Assinado: Jesse Garon Presley
(se eu não tivesse morrido no tal parto)

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