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Mostrando postagens de maio, 2018

Um dia de domingo

Por Marcelo Pereira Hoje é domingo. Tudo fechado, pouca gente nas ruas, pouco transporte. E pior para os solitários, pois a única coisa em abundância no domingo são os "alegres" e "românticos" casais de namorados. É duro de aguentar. Enfim, domingo é o "dia do vazio". Mas tem muita coisa para se fazer no domingo, já que a maioria não trabalha. Olhem só: Atividades divertidas para se fazer num domingo: - Contar grãos de arroz em um saco de 1 kg. - Ver o formato das nuvens e advinhar com o que se parece. - Contar o número de letrinhas em um livro. - Coçar o cabelo para ver se tem caspa ou piolho. - Apertar o interruptor para acender e apagar a luz. - Testar a articulação dos dedos para ver se estão em ordem. - Jogar a cara num prato com bolo e lavar o rosto depois. - Dançar a macarena ao som da gritaria de "Gol!!!" da vizinhança. - Sacudir uma caneta para parecer que ela está "molinha". - Tirar as coisas do lugar, recolocá-las de pois e t

Cinderelo da Várzea

Por Marcelo Pereira Edejair era um jovem rapaz pobre. Filho de semi-indigentes que viviam de bicos, Edejair vivia ajudando o pai nos bicos que apareciam. Não tinha condições de estudar, pois além da falta de tempo e de dinheiro, a escola pública mais próxima ficava muito longe. Mas gostava de jogar bola. Jogava bem. Como não tinha dinheiro nem para comprar uma bola barata, fez uma com um monte de tecidos velhos e jogava com os seus amigos, tão pobres quanto ele. Mas sonhava melhorar de vida e usar a unica coisa que sabia fazer melhor, jogar bola, para isso. Numa noite em que ficou sozinho em casa, pois seus pais tiveram que sair para socorrer um parente doente em uma cidade vizinha, aparece um velho gordo e muito bem vestido com um terno caríssimo. Falava polidamente com uma voz levemente rouca. Edejair ficou atônito.  - Quem é o senhor? O que deseja? - perguntou o jovem. - Sou seu Fado-Padrinho, Rubinaldo de Aguiar. A seu dispor. - Meu Fado-Padrinho? Eu não pedi Fado-Padrinho. - As es

Devoção

Por Marcelo Pereira Várias pessoas se encontram diante de uma reforma inacabada no condomínio onde todos moram. Por causa de um acidente em outra obra, Seu Zé, o mestre-pedreiro responsável pela obra acabou morrendo. Os presentes discutem como a obra deverá ser acabada. Todos são religiosos, exceto um, que é ateu, identificado aqui como "Cláudio". - Pena que Seu Zé morreu. - diz um dos presentes. - Verdade. Logo agora que a obra entra numa fase importante. - diz outra pessoa. - Mas alguém tem que terminar a obra. Quem a concluirá? - diz Cláudio, com maior preocupação. - Ora, quem vai concluir é o Seu Zé. Só ele conhece o projeto. - diz o síndico. - Mas Seu Zé morreu. Como ele fará isto? - diz Cláudio. - Fazendo. Tenha confiança em Seu Zé que ele fará. - diz um simpático senhor. - Seu Zé tem poder. Livre da carne, ganhou asas de anjo e mais poder para tocar a bora. - diz uma dona de casa, com expressão de quem está sonhando. - Mas... mas... - diz Cláudio. - Sim, vamos evocar S

Impedimento 2

Por Marcelo Pereira Era o galinheiro mais próspero do mundo. Depois de anos bem sucedidos sob o comando do galo Sansão, a galinha Valdete seguiu governando o galinheiro com a mesma competência. Os outros galos, galinhas e pintos viviam com relativa prosperidade, que seria plena se os galos estivessem no comando durante mais tempo. As raposas que viviam na área não gostavam nada disso. Lucravam com o mal estar das galinhas e vê-las prósperas e felizes as incomodavam muito. Até porque várias galinhas começaram a invadir os espaços que eram apenas das raposas. As raposas decidiram agir. Como eram donas das rádios comunitárias e tinham representantes no congresso do galinheiro e no judiciário, resolveram inventar que Valdete, que teve que aceitar uma raposa, o Sr. Adamastor, como vice-controlador do galinheiro, praticava atividades ilícitas. As raposas se esforçaram em difamar Valdete em todos os meios, até que ela caísse de vez. Valdete tentou se manter no controle do galinheiro e até ten