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O que passou, passou

Por Marcelo Pereira

Stewart Samson era um famoso e experiente arqueólogo. Visitou os monumentos mais famosos do mundo e era uma referência para estudantes de arqueologia pelo mundo todo. Samson conseguiu realizar as mais audaciosas aventuras em busca de informações históricas sobre fatos do passado remoto. Mas Samson queria mais. Queria visitar a misteriosa tumba do faraó Ramon-Tut, no deserto de Amp, na Liméria, país onde o famoso faraó governava na Idade Antiga.

Mas todos, em unanimidade, sempre aconselharam a não ir à pirâmide onde está situada a tumba do faraó Ramon-Tut. Os que tentaram entrar na pirâmide morreram ainda no meio do longo e claustrofóbico túnel, sem dar qualquer notícia e sem que os corpos sejam achados. 

Mas isso não intimidou Samson Era o seu sonho conhecer a tumba e o fato de muitos sequer terem conseguido só aumentava ainda mais a vontade de ir lá. Samson se achava com a responsabilidade de codificar os dados sobre a misteriosa tumba  e iniciou imediatamente todo o preparo para a audaciosa viagem, mesmo com os conselhos sábios de amigos, aparentes e colegas de trabalho.

Ao chegar na Liméria, Samson finalmente encontra a bela pirâmide. Seus colegas ainda tentaram na última das últimas horas demovê-lo da insistente loucura. Samson bateu o pé e disse que não iria desistir.  E lá foi ele entrar na temida pirâmide, sozinho. Sua equipe, apreensiva esperava do lado de fora.

O túnel era realmente longo e apertado. Para se ter uma ideia, Samson teve que andar curvado, algo que era um enorme sacrifício para os seus 1,90 de altura. Cansado, com dor nas costas e suando bastante, Samson não parecia desanimado. pelo contrário. Estava feliz em realizar o seu sonho. 

Como era experiente, conhecia técnicas de respiração, e por isso conseguiu ultrapassar a parte do túnel onde muitos dos outros arqueólogos morriam. Estranhamente não viu nenhum cadáver, possivelmente já decompostos pelo longo tempo. Ao se aproximar do fim do longo túnel teve uma surpresa.

Samson viu uma estranha luz em um ambiente que lembra um quarto sem móveis. Apenas a tumba estava lá. E a tumba se abril, já que o seu, digamos, habitante notou a presença de movimento no recinto. E da mesma sai um fantasma, deixando o enfaixado corpo ainda adormecido na tumba aberta. O fantasma tinha as feições de um imponente faraó e se materializou, perguntando irritado ao recém chegado arqueólogo.

- O que faz aqui? Você não foi suficientemente avisado de que nunca poderia entrar aqui?
- É que sou arqueólogo e preciso fazer uma pesquisa, saber mais sobre você para ensinar ao mundo.   - justificava Samson, meio apreensivo por encontrar um fantasma, pois não esperava por isso.
- Grande erro. O que todo mundo tinha que saber sobre mim, já sabe. Você deveria ter morrido no meio do caminho. E como foi teimoso em vir até aqui, vai ter que me fazer um favor. Mas terá que morrer para fazê-lo.
- Morrer? Como assim? - disse Samson, já preocupado.
- Você terá que ceder a matéria de seu corpo para que eu possa voltar a vida e concluir os meus objetivos. Sou faraó, sou rei e preciso governar.
- Mas se eu morrer, não poderei ensinar sobre você.
- É mas eu voltando á vida, não será necessário que você fale sobre mim. Eu mesmo falo. Não mais sobre meu passado, que não interessa mais, mas sobre meu presente.

Samson acabou morrendo e seu corpo foi utilizado pelo faraó para voltar a vida. Ramon-Tut moldou o novo corpo com sua tradicional aparência enquanto a da múmia passou a ter a aparência de Samson, só que meio decomposta e escurecida.

Os colegas de Samson estranharam a demora. Mas poucos minutos, viram um ser com aparência de faraó bastante entusiasmado saindo meio apressado e correndo em busca da civilização. os colegas ainda esperaram por mais um tempo e concluíram que Samson havia morrido.

Hoje, a tumba de Stewart Samson pode ser visitada muitas vezes, sem qualquer risco de maldições ou contaminações por fungos e, graças a refrigeração e sistema de circulação de ar construídos pelos colegas do arqueólogo, a pirâmide tem sido um enorme sucesso de visitas, onde todos poderiam ver o cadáver do importante arqueólogo, bem conservado pelo seu isolamento.

Enquanto isso a Liméria passou a ter a sua mais cruel autocracia, com um grande saldo de mortos, de torturados e de pessoas presas. 

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