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Vento no Litoral



Por Marcelo Pereira

Ricardo era um cara sortudo. Lindo, de porte físico avantajado, similar aos mais galânticos jogadores de vôlei, tinha uma vida profissional e social muito bem sucedida. Seu emprego era o que se poderia chamar de "profissional liberal de nível superior". Sempre nos finais de semana vivia rodeado de amigos. Muitos amigos. Namoradas? Ricardo nunca soube o que significa a palavra "solidão". Pelo menos até agora.

Ricardo sempre teve namoradas. Uma atrás da outra. Mulheres chegavam a sair no tapa para disputar o belo mancebo. Muitas vezes, Ricardo não precisava tomar iniciativa, pois as mulheres se chegavam a ele. Enfim era um cara desejado. "Facilidade" era o seu segundo nome.

Eis que num belo dia, a última de suas namoradas, por um motivo que não conhecemos, decidiu romper o namoro com Ricardo. Ele, que nunca soube o que era receber "não", ficou arrasado. Revoltado de início, sentiu uma ira gigantesca que ao explodir, se converteu em uma depressão quase suicida.

Ricardo começou a sair sozinho, misteriosamente sem avisar ninguém, faltando encontro com amigos. Virou alcoólatra, largou o invejável trabalho e não voltou para casa, preferindo ficar "mendigando" em uma praia deserta.

Mas Ricardo ainda teve a chance de murmurar: "Sei que faço isso pra esquecer / Eu deixo a onda me acertar / E o vento vai levando / Tudo embora".

Isso é que dá uma pessoa não conhecer as dificuldades na vida.

Pobre Ricardo. Mal sabe ele que muitos gostariam de estar no lugar dele, tendo muito mais condições de superar, de forma mais corajosa e digna, o imprevisto infortúnio.

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