Por Marcelo Pereira
O fato realmente aconteceu, mas vou evitar detalhes para preservar os envolvidos. Ontem eu tive que pegar um ônibus para uma cidade vizinha para fazer compras para o Natal. É que na cidade tinha presentes bons e baratos que não tinham na cidade onde moro.
Tá. Entrei no ônibus e vários pontos depois entra um sujeito com uma camiseta de uma instituição filantrópica. Era um ex-drogado e estava a pedir ajuda. Justo. Mas como a instituição que o cuidou era ligada a uma seita religiosa e sabemos que nestas instituições o tratamento é acompanhado por um processo de conversa religiosa (aumentar o rebanho é preciso...), o cara começou a pregar feito um pastor. Se esqueceu até da própria instituição. Curiosamente o cara tinha o meu nome.
O cara era visivelmente um fanático religioso. Dizia que não agia por conta própria e sim "dominado por Jesus". Acreditava que era Jesus falando por ele. Contou que momentos antes quase foi assaltado, mas os assaltantes ao virem, misteriosamente desistiram de atacá-lo, fazendo com que o meu xará acreditasse que foi protegido por Jesus. "Os assaltantes viram que eu era 'Homem de Deus' e me respeitaram", disse o crédulo aspirante a pastor.
O cara teve a audácia de fazer um "pocket culto" dentro do ônibus na ânsia de converter os que estivessem dentro do veículo. falou um mote de coisas sem sentido, tiradas do arco da velha dos tempos de Abraão, Zebedeu & CIA. Falou em uma tal de "carruagem de fogo" que parar mim não passa de metáfora para Ovnis, segundo um programa de Ufologia que costumo assistir.
Carruagem de fogo... Não era também um filme sobre corrida de atletismo cujo tema muito famoso é tocado em eventos dessa modalidade esportiva até hoje? Sei lá. Só sei que pela maneira que o xará fundamentalista cristão falou, a palavra ficou sem qualquer tipo de sentido. Com certeza a tal "carruagem de fogo" não era o ônibus onde estávamos.
Encerrado o culto com uma oração prolixa e rebuscada, parecia que meu sossego iria reaparece. Mas na. Um infeliz que esteva sentado na cadeira ao ado da minha, mas do outro lado do ônibus, reconheceu o neo-pastor como colega de crença e começaram a conversar, com o pastor encostado na cadeira a frente da onde eu estava. Pareciam duas beatas falando. Foi triste.
Deu para perceber que os dois pareciam ter o discernimento um pouco atrofiado. Foi um papo enjoado que nos ouvidos de ateus como eu, só casam náuseas e mais náuseas.
O neo-pastor foi embora pensando que cumpriu sua "missão divina". Na verdade so encheu o saco de passageiros pouco interessados em seu proselitismo religioso.
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