Por Marcelo Pereira
Dois idosos estão sentados em um banco de praça. Um deles, que estava a mais tempo no banco, começa a falar.
- Bom dia. O que faz aqui?
- Cheguei agora. Pretendo admirar este dia lindo de feriado.
- É um lindo dia. Bom para descansar.
- Verdade.
- Estou um pouco cansado, doente, fraco. Enfrentei muitos problemas. A humanidade não me respeitou e fui surrado sem dó. Perdi direitos. Me aborreci. Por isso preciso de um descanso. Um descanso mais do que merecido.
- Desculpe. Posso fazer uma pergunta?
- Sim.
- Quem é você, que está aqui há mais tempo?
- Ora, sou Ano Velho. E você?
- Sou o Ano Novo.
- Ano Novo? Ué, mas o Ano Novo não viria na imagem de uma criança?
- Isso é mito. É uma invenção das pessoas. Já surjo velho e envelheço ainda mais.
- Estranho.
- As pessoas não tomam atitudes para me rejuvenescer. Todos os anos são iguais aos outros porque as pessoas não querem agir. Querem que autoridades e até dividades resolvam os problemas que deveriam ser da responsabilidade dessas pessoas. A inércia da população, que como mercenários, só trabalham para ganhar dinheiro e não para transformar a sociedade, faz com que os anos sejam cada vez mais parecidos. Faz com que problemas e preconceitos se perpetuem.
- É mesmo. Por isso você já surge envelhecido.
- Verdade. Mas assim mesmo lhe desejo um ano novo bem próspero.
- Ano novo para mim? Mas já estou indo embora!
- Não está não. O povo não quer que o Ano Velho vá embora. Você vai continuar vivendo. E vai viver muito. Vamos ali na esquina que eu lhe pago um chá de erva doce e vamos conversar mais sobre isto.
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