Por Marcelo Pereira
Olho perplexo aquilo que as pessoas consideram como civilização. Sabe o que acho? Me dá vontade muitas vezes de fugir para uma bela floresta e montar uma espécie de acampamento, tribo, sei lá. Ou morar numa caverna. Talvez esteja mais feliz e seguro por lá.
A civilização é birrenta feito criança malcriada. Quer por que quer as coisas e faz de tudo para que as consiga. Exige demais por pensar que tais exigências estabelecem a organização e a justiça. Na prática fazem o oposto. Problemas surgem da tentativa de evitá-los.
Ah, a vida campestre longe dos grandes centros. A ideia da floresta me atrai. Onças ferozes não devem ser mais perigosas que capitalistas gananciosos. Se você arrumar um bom pedaço de carne para uma onça, ela não irá te devorar. O capitalista não. O capitalista só quer aquilo que ele planeja ter e quando não tem, utiliza das formas menos civilizadas para obtê-lo. A onça é mansinha, com jeito, chega-se a um acordo.
Índios. Sabe porque eles são tão tranquilos? Talvez a distância da chamada civilização lhes mostra a verdadeira civilidade. Suas leis são mais justas. Isolados, se protegem de doenças. Há preocupação com caráter e com respeito ao próximo. Respeito que a sociedade considerada civilizada já começa a desconhecer.
Penso em um lugar assim. Uma tribo? Porque não? Talvez encontre o verdadeiro senso de humanidade dentro de uma oca. Numa rede social já não encontro. Quem pensa que floresta é o lar dos mais selvagens, é porque nunca entrou em uma rede social. Lá as feras são realmente bestas.
Sinto a civilização dos grandes centros cada vez mais bestializada. Reparam em seus costumes? Caramba, as ideias mais bestas, no intuito de agradar aos outros e subir na aquisição fácil de bens, dinheiro e prestígio, são postas em prática sem o menor pudor e senso do ridículo. Se ser ridículo e ganancioso traz prestígio, sejamos ridículos e gananciosos. Como um besta fera deve ser.
Vejo os civilizados cada vez mais bestializados. Leis, criadas antes para que todos possam ser beneficiados de alguma forma, agora servem para o oposto, para eliminar desafetos e privilegiar imbecis. Como ser imbecil á moda na sociedade civilizada, chega a se criminalizar a não-imbecilidade. Quem se recusa a ser imbecil é punido de várias maneiras.
Me volto a floresta. A não civilidade mostra a verdadeira civilidade. Não, as feras não estão lá. As feras vivem nos centos urbanos. Elas são mais perigosas e avessas a negociação. na floresta, comida de reserva e uma fogueira resolvem o problema. Aqui na chamada civilização há coisas que nem com conversa calma e respeitosa se resolve.
Por enquanto cá estou eu na minha "caverna" na selva de pedra. Por enquanto me protejo das feras. Elas vivem arrancando suas lascas por aí e não cessarão de arrancar. Por enquanto estou aqui escrevendo este texto. Mas preciso ficar atento. As criaturas mais selvagens já começam a anunciar a sua presença aqui bem pertinho. É preciso ficar atento e forte...
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