Por Marcelo Pereira
Era o galinheiro mais próspero do mundo. Depois de anos bem sucedidos sob o comando do galo Sansão, a galinha Valdete seguiu governando o galinheiro com a mesma competência. Os outros galos, galinhas e pintos viviam com relativa prosperidade, que seria plena se os galos estivessem no comando durante mais tempo.
As raposas que viviam na área não gostavam nada disso. Lucravam com o mal estar das galinhas e vê-las prósperas e felizes as incomodavam muito. Até porque várias galinhas começaram a invadir os espaços que eram apenas das raposas. As raposas decidiram agir.
Como eram donas das rádios comunitárias e tinham representantes no congresso do galinheiro e no judiciário, resolveram inventar que Valdete, que teve que aceitar uma raposa, o Sr. Adamastor, como vice-controlador do galinheiro, praticava atividades ilícitas. As raposas se esforçaram em difamar Valdete em todos os meios, até que ela caísse de vez.
Valdete tentou se manter no controle do galinheiro e até tentou chamar Sansão para ocupar a pasta de articulação política. Mas as mentiras difundidas pelos meios de comunicação controlados pelas raposas fizeram com que Sansão fosse impedido de tomar posse no cargo, que poderia ter evitado o impedimento.
Num determinado dia, o congresso, majoritariamente composto por representantes das raposas, decidiu expulsar Valdete e entregar o poder a Adamastor, que passou a governar a favor das raposas, sobretudo as que viviam bem longe do galinheiro. Aos poucos o galinheiro, que era relativamente limpo, organizado e próspero, foi ficando um lixo, sujo e bagunçado, apesar da rádio comunitária das raposas falar o oposto, dizendo que nunca o galinheiro esteve tão próspero.
Com a atuação da raposa Adamastor, o galinheiro seguiu com seu processo acelerado de deterioração. Muitas galinhas ficaram doentes e várias morreram. O ambiente, antes salubre, ficou fétido e sujo. Sansão se ofereceu para retornar ao comando do galinheiro, mas foi encarcerado por uma alegação fajuta e sem sentido. Era claramente a tentativa de manter as raposas no comando do galinheiro.
A revolta aumentava, mas nada adiantava. As raposas eram muito fortes e influentes. Quanto mais os ocupantes do galinheiro se revoltavam, mais as raposas permaneciam no poder. A prisão de Sansão, o maior galo do galinheiro e único a devolver a ordem e o bem estar ao mesmo, prejudicou a chance dos galos e galinhas serem governados por um representante seu. Há galos e galinhas se oferecendo para controlar o galinheiro, mas sem a influência de Sansão.
Isso favorece as raposas que, apesar de desunidas e denunciadas pelas mensagens que as galinhas mandavam umas as outras através de meios alternativos, seguiam com certo favoritismo para o controle do galinheiro, com grandes chances de vitória. Inclusive para um coiote agressivo e faminto, ingenuamente apoiado por algumas galinhas menos esclarecidas.
Triste a sina deste galinheiro que segue sob o comando de raposas gananciosas que aos poucos o destroem. Mas não faz mal. Quando este galinheiro for totalmente destruído, sem galinhas para serem devoradas, as raposas fogem para outros cantos e repetirão o mesmo estrago nos outros galinheiros que encontrarem pela frente. Afinal, é para isso que existem as raposas.
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