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Crise? Que Crise?


Por Marcelo Pereira

Crise gera um malefício danado. Mas há quem se dê bem com crises. Baseado nisso, imaginei algumas estorinhas sobre crises. Bom, aí estão algumas delas.

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Crise econômica de 2008. Dois Magnatas, daqueles que se intrometem na política mundial estão conversando. Ao mesmo tempo se demonstram animados e preocupados. Como ninguém sabe da existência deles, chamaremos de Magnata 1 e Magnata 2. Ambos são trilionários e muito poderosos.
- Está sabendo que se iniciou agora uma enorme crise econômica. - diz o Magnata 1.
- Sim, estou sabendo. - fala o Magnata 2, com voz apática.
- Estamos muito ricos, mas odiaria ter que reduzir meu padrão de vida. Quero ser trilionário. Ou mais. - diz o Magnata 1.
- Temos que agir para não deixarmos de ser trilionários. Já pensou abrir a Forbes e não ver seu nome na lista? Seria um pesadelo.
- Já sei! Vamos derrubar governos de esquerda e colocar nossos homens no lugar!
- Tem um país cheio de recursos naturais que poderíamos saquear e lucrar muito. salvaria a nossa situação. É um país de território imenso. Lucraríamos muito com ele!
- Boa ideia, vamos derrubar o governo deste país. Chame representantes da política, da mídia e do judiciário de lá. Vamos oferecer condições para que eles ajam a favor de nós.
- É para já!

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Pai e seu filho em idade infantil estão conversando. É véspera do Dia das Crianças e a conversa não é boa. Em tom de voz preocupado, o menino pergunta ao pai.
- Pai, vou ter presente de Dia das crianças este ano?
- Não filho. Seu pai gostaria de te dar um presente, mas não tenho condições.
- Porquê, pai.
- O patrão de seu pai não vai pagar salário este mês. Ele disse que está em crise e usou a tal "reforma trabalhista" para justificar que não seria obrigado a pagar salário neste mês.
- Que chato, pai.
- Feliz é você, filho, que não vive no mundo real dos adultos. Pegue os brinquedos que tem e vá brincar. Seu mundinho é muito mais feliz que o meu.

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Cena de um casamento:
- Eu declaro Fulano e Sicrana como marido e mulher. Quem tiver algo a dizer que vai contra este matrimônio, que fale agora ou se cale para sempre. - diz o padre, responsável pela cerimônia.
- Eu, padre. - fala o próprio noivo, o Fulano.
- Sim, filho, fale.
O noivo se vira para a noiva e faz uma confissão.
- Eu estou desempregado, querida. Não tenho condições de te sustentar. Você cuidará dos custos da família.
- O quê? - pergunta a noiva, com irritada surpresa.
- É, querida, eu fui demitido por causa da reforma trabalhista. Não estou tendo condições de arrumar outro emprego. Estou duro, falido, sem grana. Já era.
- Mas assim não vai dar. Eu contava com o seu dinheiro. - diz a noiva, uma médica bem sucedida que esperava se casar com homem do mesmo nível econômico.
- Pois é. Infelizmente, somente você pagará as contas até eu arrumar novo emprego, caso a esquerda volte ao poder e revogue a reforma trabalhista.
- Ora vejam só! Sabe de uma coisa? Eu não caso mais. Não falta médico gostoso a fim de mim. Vou sair daqui agora mesmo.
Com isso o casamento não acontece, a noiva revê seus colegas de faculdade e mais tarde acaba conhecendo um ginecologista bem sucedido, com experiência no exterior e acaba se casando com ele, tendo uma vida de classe média alta, onde nunca falta dinheiro para os mais pomposos e fúteis supérfluos.
Enquanto isso, o noivo é abandonado e volta a morar com os pais, fazendo bicos e torcendo para que a tal reforma seja revogada e retorne ao mercado de trabalho.

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- Pronto. Colocamos um homem nosso, de confiança na condução do tal país grandão. O cara já conseguiu colocar o petróleo do país em nossas mãos. Agora somos donos da principal petrolífera. - comemora o Magnata 1.
- Puxa, que joia! Eu fiquei com as mineradoras e algumas empresas privatizadas. Conseguimos. Não somente continuamos trilionários, como há perspectiva de tornarmos quadrilionários. Não é uma beleza? - comemora o Magnata 2.
- Sim. O povo está se ferrando todo. A escravidão voltou. Multidões estão morrendo. Mas isso não importa. Importa que continuamos os mais ricos do mundo. O resto que se dane!
- O cara que colocamos lá é meio maluco, diz umas bobagens, distrai a população com polêmicas religiosas, mas pelo menos age a nosso favor. Não é como aquele sindicalista teimoso que nunca age a nosso favor.
- Com certeza.
- Venha, temos que comemorar a nossa conquista. Afinal, temos um gigantesco país todo em nossas mãos para fazermos o que quisermos com ele e com a sua miserável e maldita população.
- Um drinque para dois. E dos mais caros!

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