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A idade da razão

Por Marcelo Pereira

Neste dia completo 42 anos. Seria hoje um dia de festa, de sair pulando por aí? Não sei. Para mim me parece um dia para refletir.

É mais um ano, sei. Mais chances de renovação de aprendizado foram dadas a mim. Será que vou aproveitar? 

Bom, nesta vida tenho aproveitado muitas lições. Não me amadureci como a maioria das pessoas (será que elas realmente amadureceram?), mas cheguei onde deveria. 

Quanto mais idade a gente ganha, junto aumentam a experiência e a responsabilidade. Mas insatisfeitos como somos em nossa incurável imaturidade, temos a impressão que não amadurecemos ainda o bastante. Como crianças aguardando o novo ano letivo, aguardo o que me espera no 42º ano de minha vida.

E quais os desafios que serão colocados desta vez? Serão bons? Serão ruins? Vou conseguir enfrentar? Não sei. A única coisa garantida é que tirarei algum tipo de lição. Que lição, eu não sei. Mas algo será aprendido, seja lá o que acontecer comigo.

Ainda me sinto imaturo. É um bom sinal. A verdadeira maturidade é ter a consciência de que ainda não se está suficientemente maduro. A vida é uma sucessão de aprendizados. E a cada coisa nova que a gente aprende, mais coisas aparecem para a gente aprender. É como aquele cara que aprende a dirigir e agora tem que conhecer o motor de seu carro. E após isso, conhecer o combustível, a sua composição e por aí vai.

Aprender é muito bom e considero o combustível da vida. Se nascêssemos sabendo tudo, a vida, além de ser um tédio, não teria utilidade. A cada coisa nova que a gente aprende, nos sentimos mais sábios e mais fortes. Mais sábios, mas ainda imaturos, pois ao percebermos nossa sapiência, percebemos também que não sabemos o bastante. Cada sabedoria exige mais sabedoria e isso conduz nossa caminhada.

Mas que bom que isso seja assim. Isso me faz feliz. Tenho muita coisa a aprender, sim e isso nos traz aquela ânsia gostosa de início de ano letivo quando éramos crianças em idade escolar. O cheirinho do material novo... A dúvida sobre quem serão os colegas... A cada aniversário não parece a mesma coisa?

Tudo o que aprendi em minha vida, a maioria por dor , muita dor, está me sendo útil cada vez mais a cada momento. E está servindo de ponto de partida para outros aprendizados que enriquecerão o meu caráter.

Portanto, ao chegar hoje aos 42, reconheço que não sou maduro o suficiente. Não serei tão cedo. Terei muitas vidas para aprender mais e mais. Mas o que me alegra é que continuo aprendendo. E aprender é absolutamente a coisa mais prazerosa na vida de qualquer pessoa.

Pois quando acaba um ano letivo, não dá aquela sensação de dever cumprido, antes de preparar para o próximo?

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