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A única vez em que consegui conquistar uma mulher por quem eu estava apaixonado e mesmo assim não resultou em namoro

(Por Marcelo Pereira)

Eu havia mencionado em outras oportunidades que nunca namorei quem eu estivesse apaixonado. Conquistar mulher é uma tarefa difícil, graças as injustas e incoerentes regras de conquista impostas pela sociedade cada vez mais preguiçosa, preconceituosa e excludente.

Mas houve uma vez, uma única vez que consegui, quase sem querer, conquistar uma mulher por quem eu havia me apaixonado. Infelizmente não deu em namoro, pois o destino se intrometeu e estragou tudo. No final desta postagem vocês saberão como. Mas foi a única vez  nos meus quase 42 anos de vida que consegui conquistar uma mulher por quem eu havia me apaixonado antes.

Só para esclarecer: não confundam paixão com atração. Já conquistei muitas mulheres que eu estava a fim, mas não estava apaixonado. Estar a fim é uma coisa, estar apaixonado é algo muito mais intenso. 

E normalmente, a maioria das pessoas não consegue se casar com quem está realmente apaixonado. Normalmente se apaixona depois ou apenas um dos cônjuges está apaixonado, enquanto o outro só gosta, geralmente com amor fraterno. Existem exceções mas esta é a regra.

Já para mim, o normal é repelir quem eu me apaixono, como no caso da "Senhora A", a garota que em Março deste ano completa 30 anos que a conheci. Nunca namorei com esta e hoje ela nem me quer como amigo, me bloqueando em redes sociais. Ela está casada, com uma filha e aparentemente satisfeita em sua rotina e seu feudo limitado de amigos. falarei mais dela na segunda semana de Março, quando comemorar a fatídica data. Mas esqueçamos a "Senhora A" e vamos a outra mulher que consegui conquistar.

Quando o "cupido" virou paixão

Salvador, cerca de abril de 1991. Apesar de ser o segundo ano de minha estadia na capital baiana, era o primeiro em que pude realmente me sociabilizar. O ano anterior, 1990, eu estava em uma escola técnica onde a maioria dos alunos não se entrosava (deve ser porque era uma escola de ciências exatas, com alunos de personalidade maios "fria"). Eu, então recém chegado e normalmente com dificuldades de me sociabilizar, travei logo, podendo me soltar apenas no ano seguinte, quando a estoria que vou contar se passa.

Em 1991 mudei de escola. Era o primeiro ano do ensino médio (que tive que começar de novo, graças ao fracasso do ano anterior). Descobri que a tal escola técnica foi um erro.Me matriculei numa escola comum, o Colégio Águia, hoje extinto e que era situado em frente a movimentadíssima  Praça da piedade, coração do centro de Salvador.

Eu estava a fim, mas ainda não apaixonado por uma garota de aparência frágil chamada Márcia (calma, não é essa a musa desta postagem!). Como não consigo esconder minhas emoções, os colegas mais próximos acabaram sabendo disso. Uma colega da turma, amiga e vizinha de Márcia (moravam perto, no bairro do Bonfim, bairro que gosto muito e onde fica a famosa igreja, e pegavam ônibus juntas), de nome Kátia Valéria, de aparência indígena (da mesma etnia indígena, mas pouco semelhante a atriz da foto) se ofereceu a ajudar a conquistar. Não deu certo, pois Márcia acabou recusando, mesmo com o esforço da amiga.

Mas uma coisa bem estranha aconteceu. Aos poucos perdi o interesse por Márcia, o que fez com que me conformasse rápido com a rejeição. Mas passei a gostar de Kátia. Pior, o meu interesse por Kátia só foi aumentando gradativamente, se convertendo aos poucos em paixão.

Simultaneamente acabei sabendo que a paixão era recíproca. Apesar de ter me ajudado a conquistar outra mulher, Kátia acabou criando afeto por mim. Talvez por isso mesmo, pois foi a oportunidade da bela indiazinha perceber o meu jeito e criar afeto.

Mas a direção da escola arrumou um jeito de dificultar as coisas. Graças a dependência de Matemática, que ela não conseguiu aprovação na série anterior, a direção obrigou Kátia a estudar no turno da tarde, tendo que fazer a matéria Matemática de manhã, onde ela ficava pouco tempo e normalmente sentava longe de mim (embora os alunos não fosse obrigados a ter lugar fixo, muitos preferiram fixar seus lugares), indo embora logo em seguida após o fim da aula. Triste.

Mas teve uma época que ela sumiu mesmo. Não foi mais vista sequer nas aulas de Matemática. Ou ela desistiu da dependência (ela poderia optar por cursar integralmente a série anterior toda) ou se mudou para outra escola. Não a mais vi.

Mesmo com a ausência, fui nutrindo a paixão por ela, embora chegasse a me apaixonar por uma nerd, de nome Ioná, no ano seguinte, 1992, onde por causa da crise financeira me mudei para uma escola pública, a Central, que tem a mesma importância que o Liceu Nilo Peçanha de Niterói. Cerca de dez anos depois, ao fazer a prova de encerramento de curso superior, reencontrei Ioná e tive uma longa e excelente conversa com ela, mas sem sucesso de conquista, apesar de ter concluído que Ioná também era uma mulher ideal para um relacionamento sério.

O encontro inesperado e feliz, antes da ruptura brusca

Mas vamos a 1997. Como a conquista da nerd Ioná fracassou, voltemos a indiazinha Kátia. Como falei, fui nutrindo uma paixão por ela, embora conformado com a hipótese de nunca mais vê-la.

Passei no Vestibular para Letras (que escolhi meio sem convicção, só para ter um "diploma") na UFBA em 1996. O início do ano letivo seria no ano seguinte. Ao chegar na faculdade, no segundo dia (no primeiro, o campus estava vazio), uma grande surpresa: Kátia Valéria estava lá.

Uma curiosidade: é a mesma faculdade me deu a oportunidade de conhecer, em 1998, uma xará tão linda, Cátia Regina, que fez aniversário no último domingo e que também me apaixonei. Ainda tento conquistá-la on line (ela está no Facebook e mandei uma mensagem carinhosa de parabéns), embora tivesse tido uma oportunidade melhor nos últimos dias que morei na capital baiana, onde ela chegou a trabalhar perto de onde eu morava. Coincidentemente, além do mesmo nome (só que com "k"), Kátia Valéria faz aniversário na mesma semana de sua xará (não me lembro a data) e  paralelamente a Letras, fez Administração como também fez a outra Cátia. Letras e Administração (esta por vocação) são duas faculdades que tem a ver comigo. Um festival de coincidências que une as duas C(K)átias maravilhosas.

Mas voltando à indiazinha, ela estava soberba, ainda mais linda e gostosa. Demorei para conseguir conversar com ela, pois ela, tendo entrado no ano anterior, não estava nas mesmas disciplinas que as minhas. Mas coincidentemente no dia do meu aniversário (21/03) consegui e olhei bem nos olhos dela, apesar do assunto ser trivial. Como acreditava que veria mais vezes, não me apressei em me declarar ou tocar no assunto. Só que em pensamento, disse a mim mesmo, sem falar, "você é a mulher que eu quero". Jóia. Era uma sexta feira e passei o final de semana sonhando.

Mas a partir da semana seguinte ela sumiu. Achei normal no início pois achava qu era uma falta comum. Só que arrastou semanas, meses, anos e nenhuma notícia dela.

Na conversa ela, que ficou bem alegre ao me ver (ainda gostava de mim), me havia dito que estava fazendo simultaneamente administração em uma faculdade particular. Mas não fui procurá-la. Me conformei com a situação até porque havia muitas gatas no ambiente (faculdades são redutos de mulheres lindas em qualquer cidade: se você me pedir para mostrar as mulheres mais lindas de Niterói, te levo à UFF). Nunca mais tive notícia de Kátia Valéria e nem a encontrei na internet.

E assim foi esta postagem, sobre a única vez que consegui conquistar uma mulher que não somente admirava como estava apaixonado. Pena que o final não foi feliz.

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