Por Marcelo Pereira
PRIMEIRO ATO, CENA ÚNICA: Brasil, 2016. Após intensa campanha, a Presidente da República é deposta, junto com todo o seu partido, que sai da legalidade. Uma junta militar comandada por um famoso militarzinho, meio rebelde e meio boca suja, mas muito adorado, toma o lugar dela e comanda o país.
Um dos mais exaltados manifestantes que ajudou a derrubar a presidente, após pedir autorização a um general, empossado como ministro da Casa Militar (a casa civil foi extinta), resolve falar com um dos maiores empresários do país, principal patrocinador dos manifestos:
- Boa tarde, Doutor!
- Boa tarde. Quem é você?
- Eu estive nas manifestações! Chamei muita gente para participar! Finalmente conseguimos tirar a presidente e todo o seu partido!
- Sei.
- E aí, Doutor! Tem uma vaguinha aí de assessor, como prêmio por e ter conseguido o nosso objetivo?
- Hã?!
- Uma vaga de assessor! Com ganho de R$10.000 iniciais! Não aceito menos que isso!
- Não temos. Temos uma vaga para faxineiro, por 700 reais de salário bruto.
- Como é, Doutor? Eu batalhei, eu lutei, chamei gente e você retribui dessa forma tudo que eu fiz? Cara, sou seu simpatizante! Sempre defendi o seu ponto de vista! Mato e morro para defendê-lo!
- Não quer a vaga de faxineiro?
- Não quero.
- Então vou chamar um dos meus assessores para ter uma conversinha com você a sós, ali na salinha escura. Espere sentado na pequena cadeira que está na salinha.
Pronto. Assim é que se frita uma coxinha...
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