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Confiança, um artigo de luxo?


Por Marcelo Pereira

Conquistar a confiança alheia é uma tarefa muito difícil para qualquer pessoa. Mais difícil ainda para aqueles que, como eu, possuem ideias, gostos e costumes que diferem da maioria, frustrando expectativas e causando uma desconfortante expectativa.

Infelizmente, em nossa sociedade, existem parâmetros de comportamento para definir se alguém é agradável ou não. E nem sempre se refere a realidade, pois só são parâmetros. Muitas vezes as aparências enganam e enquanto aquele cara legal é recusado por não atender as expectativas, outro, de qualidade de personalidade bem duvidosa é aceito numa boa, pois agiu como o esperado.

O que me fez escrever essa postagem é uma coleção de momentos desagradáveis que passei em redes sociais, sendo expulso de algumas comunidades sem fazer nada de ilícito ou prejudicial e recusado por conhecidos em redes sociais, gente que eu achava que poderia ter algum afeto a minha pessoa. Isso tudo sem fazer qualquer coisa de desagradável.

O curioso é que conheço muita gente de má índole e hábitos promíscuos que nunca passou por isso e tem uma enorme quantidade de amigos, além de terem as suas opiniões bem prestigiadas. Isso mostra que cada vez mais, ter um bom caráter e ideias coerentes está se tornando dispensável. Pelo jeito, para se fazer amigos agora, o "legal" é atender expectativas e agir como a maioria. Seja correto ou não.

Hoje em dia, amizade é assim: desde que não prejudique os amigos ou aqueles que pretende conquistar a confiança, uma pessoa de má índole pode muito bem ser aceita socialmente, se atender as expectativas do grupo. Já uma pessoa de boa índole, mas que não atenda as expectativas, pode demonstrar alguma desconfiança. Até porque é tradição para os brasileiros não aceitar diferenças e considerar os diferentes como "loucos" ou ameaçadores.

Para a maioria, não interessa ser boa pessoa e sim ser "camarada", legal, divertido. Uma pessoa que faça as pessoas rirem é muito melhor que uma pessoa que tenha boa índole e boas ideias. Pelo jeito é desta forma que as pessoas conquistam a confiança de outras.

O pior é que isso também é notado nos matrimônios, onde estamos cansados de ver mulheres lindas e de personalidade marcante casadas com verdadeiros songa-mongas, maridos molengas que são até profissionais competentes (mas não surpreendentes), mas na vida pessoal deixam muito a desejar em ideias e comportamento, nada indo além do esperado. Isso além do fato de que nada contribuem para a evolução da personalidade de suas esposas e filhos.

Enquanto isso, pessoas brilhantes, mas sem prestígio, continuam amargando na solidão, vendo as suas ideias originais sendo ignoradas e perdendo a oportunidade de fazer a sociedade se evoluir, já que nunca são ouvidos. Enquanto a sociedade achar que prestígio e simpatia são mais importantes que boas ideias e boa índole, vai permanecer presa aos valores antiquados que poderão levar a sociedade de volta aos "bons tempos" da pré-história, em que trogloditas viviam batendo o tacape na cabeça dos outros para angariar simpatia e confiança.

Eu tenho certeza que não faço nada para prejudicar qualquer pessoa. Se me recusam é porque não me conhecem, não querem me conhecer e ainda perdem muitos benefícios por causa disso.

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